O violao base passou as 2:20 na minha casa, e fomos à casa do produtor esperar a van. Do jeito que aquele motorista dirige ele deve ter saído às 00h da casa dele, que é perto da minha, pra chegar lá as 2:30h. Aos poucos a galera chegou, mas então confirmou-se uma lenda que até então eu não acreditava. A lenda dizia que todos os bateristas sempre atrazam, e infelizmente era verdadeira. Mas ele atrasou por varios motivos, acabou a gasolina, o carro falhou numa subida, ele teve que empurrar, mas de repente ouvimos um barulho que parecia de um avião teco-teco caindo, mas era o del rey do baterista. Ele veio com tudo, fez uma curva e ja estacionou dentro da garagem. Alguns acreditavam que naquela curva ele iria bater no portão, ou capotar, ou bater no carro da frente, mas deu tudo certo e então entramos na van, depois de uns 5m de viajem o baterista relaxou e começou a cumprimentar todo mundo, o que não tinha dado tempo ainda. A viagem foi tranquila e cheia de risadas, como sempre.
Chegamos lá e logo estavam saindo uns 6 carros. A gente supôs que a galera tava indo embora e que estaria vazio la dentro, mas foi um engano, porque muita gente ficou. Entramos no camarim, o nosso hold estava la desde antes esperando a gente, apesar de ele trabalhar praticamente apenas para o percussionista, que é o que mais leva instrumentos, mais ocupa espaço, mais da trabalho, e menos toca. No camarim cada banda teria umas 2 pizzas para comer antes do show, mas tinham uns pagodeiros lá, e logo que as pizzas chegaram eles meteram a mão nela, mesmo a mão estando suja de pandeiros :) . Foi uma pena, pois eu só ví restos de pizza e bordas, e então eu fiquei intrigado com uma coisa:"será que pagodeiros são alérgicos a bordas de pizza?? :S" . Tava muito estranho esse lance da pizza, e os pedaços que ainda haviam, mesmo intactos, eu não tive coragem nem pra pensar em comer, alem de estarem bem frios. Tinha umas garrafas de refri e de uma vodka esquisita que nunca tinha visto antes, e mesmo estando aquele frio eu decidi não tomar, até porque o nosso show começaria logo, e a música mais dificil para mim era a abertura do show, um riff que eu mesmo bolei.
Subimos o palco e começamos a montar tudo. O espeço era enorme, mas eu resolvi ficar bem no cantinho, em frente a imensa percussão. Botei o repertório no chão e logo me arrependi achando que não iria enchergar, então mudei pra uma caixa atras de mim, onde estava mais alto, porem mais longe, então quando começou o show e eu percebi que não conseguia ler nada do repertório, eu arranquei e botei no chão onde estava antes.
Começamos então abertura, e logo o som da guitarra sumiu. Na van fiquei sabendo que o nosso hold (que trabalha em especial para o percussionista) tinha pisado no cabo de energia e desligado o cubo. Quando o guitarrista viu isso ele acreditou ser uma bag enorme que havia sido colocada lá, mas estranhou porque ela tinha cadarços, mas na verdade eram os pés desse hold. Logo arrumaram, e a gente nem parou, mas ficou um certo vazio por um tempo. Tinham varias caixas de retorno no palco, mas nenhuma ligada, portanto o meu retorno vinha do P A, ou então era o eco da parede que havia após a multidão (de bebados universitários). Nós tocamos bem, sem muitos erros, se bem que eu não ouvi nada, então não faço idéia de como saiu :( , malditos técnicos de som que não servem pra nada. Nós tinhamos o nosso, mas ele não conseguiu nos dar retorno.
Na minha frente do palco tinha uma menina de vestido cinza, que tava muito louca. Dava pra ver pela expressão do rosto dela que ela queria dar pra algum dos vocalistas, pois deveria ter sido esse o sonho ou fantasia dela por alguns anos. Ela olhava para os vocalistas com uma expressão de desejo insaciável, mas confesso que estava um tanto quanto engraçado. Ela não parava de pular e beber, até que uma amiga dela, loira, levou ela pra outro lugar, e desde então nunca mais vi ela. Não demorou muito e apareceram agora 2 meninas para pagarem pau pra eles. Em alguns momentos elas ficaram segurando umas bananas, bananas que sabe Deus de onde haviam saído(supunhamos que do show anterior, de pagode), e elas balançavam, mostravam, brincavam com as bananas, na verdade, até masturbavam as bananas, fazendo uma cara de quem estava gostando(lol). Acho que elas estavam tão bebadas que achavam que eram "o" dos vocalistas, e não meras bananas amarelas. De repente uma delas pulou em cima no palco. Dizem que é uma tal que sempre faz isso, em todos os shows que ela vai, inclusive ela fez isso algumas vezes nos nossos shows. Veio o hold pra tirar ela de lá, e dizem que com um certo "desafeto", pois ele segurou ela por tras, a ergueu, e jogou-a cuidadosamente na platéia. De tão bebada ela resolveu ficar deitada, mas infelizmente ninguem pisou nela, portanto no próximo show que ela for ela concerteza vai subir denovo. Depois disso essa tal e uma amiga dela continuaram mexendo nas bananas amarelas, e também jogaram algum papelzinho de bala na minha direção, mas uma das bananas jogaram não sei onde, mas jogaram no palco.
Até aí o nosso violonista solo tinha desistido de tocar o violão, por falta de retorno, e resolveu continuar tocando a guitarra, pois o cubo servia de retorno. Essa guitarra ele tinha usado pra tocar os axés e a micareta, que o nosso muito inteligentíssmo produtor botou no repertório sertanejo apesar de em todo show a galera se dispersar totalmente na hora da maldita micareta, que ainda por cima termina com o rebolation, aquela coisa inútil que andam chamando de música. E é nesses momentos que meus antidepressivos tem que exercer seu trabalho mais dificil e pesado, afinal, eu um rockeiro, tocando essas coisas, é de deprimir até o diabo. De fato, ninguem gosta dessa micareta, nem do axé, nem do pagode do Pixote que é pior ainda, nem mesmo o vocalista que é pagodeiro gosta, mas nosso produtor nos obriga a tocar, afinal ele acha que sabe o que o povo quer ouvir, e de fato, ele sabe, mas ele sabe só o que o povo nordestino quer ouvir. E então começou nosso rock blues, com pegada lullaby. Eu faço um solo de órgão na passagem dessa música para a proxima, e em um momento eu paro pra fazer um rff sinistro com um timbre bem digital, que é a parte que mais chama a atenção, porém o vocalista não tem uma boa memória e começou a cantar antes da hora, cortando assim essa passagem sinistra. O produtor, nosso gênio musical, resolveu cortar algumas músicas e ir embora mais cedo pois estava dando o horario(e ele dando em casa,mas isso é outra história).
No camarim de volta, o nosso técn de som havia salvo 3 caixas de pizza daqueles pagodeiros famintos por recheios de pizza (e alérgicos a bordas), sendo que apenas em 1 das caixas a pizza estava intacta, e congelada. Na volta o baterista estando cansado nem quis imitar o Silvio Santos, mas demos algumas poucas risadas. Tirando as coisas da van perceberam que um suporte de violão havia ficado no palco, pois o hold não pegou porque estava ajudando a guardar a percussão (parte mais importante da banda), e o guitarrista não se preocupou em pegar porque achou que o hold estava lá para isso, e de fato estava, mas para outro instrumento. Depois de algumas discussões sobre isso resolveram deixar de lado, pelo menos eu deixei. Logo fomos embora, e cheguei aqui as 6h. Foi o fim de mais um show sertanejo (com micareta e pagode), e então fui dormir. Espero que os detalhes da nossa "missão" tenham agradado aos leitores, fiz ainda uma revisão pra conferir tudo, e demorei a postar por conta disso.
Terça tem ensaio e quinta show. Se acontecer algo interessante denovo eu volto a postar. Até.